🎭 Taís Araújo celebra 30 anos de carreira e emociona ao refletir sobre Raquel Accioli: “Quantas mães não fariam tudo por um filho?”

Por TakaMassa.net – Cultura com alma

Trinta anos podem parecer uma vida inteira — e para Taís Araújo, de certo modo, foram. Completando três décadas de carreira em 2025, a atriz, apresentadora e referência nacional atravessou o tempo como poucas. Não apenas se manteve relevante: transformou-se em símbolo. De talento, de representatividade, de consistência e de coragem.

Aos 46 anos, Taís olha para trás com firmeza, sem nostalgia barata. E olha para o agora com a mesma intensidade com que viveu personagens icônicos. Mas há uma em especial que reacende debates e afetos: Raquel Accioli, sua personagem no remake de “Vale Tudo”, um dos maiores clássicos da teledramaturgia brasileira.

Raquel, a mulher que luta

“Quantas mulheres não fazem tudo para resgatar seus filhos?”, pergunta Taís, numa entrevista recente. A frase resume mais do que a história de uma personagem. Resume uma realidade vivida por milhares — talvez milhões — de brasileiras.

Raquel, interpretada originalmente por Regina Duarte e agora recriada com a profundidade emocional de Taís, é uma mulher que desafia os limites da moral, da classe e da maternidade. Não por ambição, mas por sobrevivência. E para Taís, dar vida a essa personagem é mais do que um trabalho: é uma missão.

“A Raquel me fez pensar muito na força das mulheres invisíveis deste país. Nas mães que enfrentam tudo em silêncio, que não têm escolha, que são julgadas por resistirem de formas que a sociedade prefere não enxergar.”

É nesse ponto que arte e realidade se cruzam. Taís conhece essa dor de perto. Não por tê-la vivido diretamente, mas por tê-la visto todos os dias nas ruas, nas histórias de fãs, nos bastidores da vida real.

Uma trajetória que inspirou gerações

Taís começou cedo. Estreou na televisão aos 17 anos, em “Tocaia Grande”, mas foi com “Xica da Silva” que virou nome nacional. E foi a primeira protagonista negra de uma novela das oito com “Da Cor do Pecado” — um marco histórico num país ainda profundamente marcado pelo racismo estrutural.

Ao longo dessas três décadas, nunca parou. Transitou com desenvoltura entre novela, teatro, cinema, apresentação e ativismo. E enfrentou, de frente, os desafios de ser uma mulher preta numa indústria ainda predominantemente branca, elitista e cheia de muros invisíveis.

“Nunca tive a ilusão de que seria fácil. Mas também nunca deixei que fosse impossível”, disse certa vez.

Taís não apenas abriu portas. Ela construiu corredores. E por eles, vieram outras. Mais atrizes negras, mais roteiristas, mais vozes com lugar de fala. Mais espaço para o Brasil real nas telas.

“Vale Tudo” e o Brasil de hoje

O remake de “Vale Tudo” não é apenas uma homenagem ao passado. É também um espelho incômodo para o presente. A história de Raquel e Maria de Fátima, sua filha ambiciosa e sem escrúpulos, continua atual — talvez até mais do que em 1988, quando foi ao ar pela primeira vez.

Corrupção, desigualdade, luta por espaço, ascensão social a qualquer custo. Tudo continua aqui. Tudo ainda pulsa.

“A pergunta que ecoa em ‘Vale Tudo’ ainda é a mesma: vale a pena ser honesto no Brasil?”, diz Taís.

Ao interpretar Raquel, ela carrega esse dilema com a força de quem não está apenas representando. Está vivendo — através da arte — as dores de um país que, muitas vezes, marginaliza os justos e glorifica os espertos.

A mãe, a mulher, a atriz

Fora das câmaras, Taís é casada com o ator Lázaro Ramos, com quem forma um dos casais mais respeitados e admirados do país. Mãe de dois filhos, ela faz questão de manter a vida pessoal blindada dos holofotes excessivos — mas nunca deixou de se posicionar, seja sobre política, racismo, feminismo ou maternidade.

“Eu me reinvento todos os dias. Ser mãe me ensinou que o tempo é precioso demais para ser desperdiçado com o que não importa.”

Esse senso de urgência e profundidade é o que parece mover Taís Araújo. Ela não interpreta apenas papéis: ela constrói pontes. E faz da sua carreira uma jornada de afirmação, representatividade e inspiração.

Trinta anos que parecem só o começo

Chegar aos 30 anos de carreira no Brasil, mantendo relevância e respeito, já seria uma conquista em qualquer contexto. Mas Taís fez mais do que isso. Ela transformou a sua presença em algo que transcende o tempo de tela. E é por isso que, hoje, não comemoramos apenas uma trajetória de sucesso — celebramos uma mulher que ousou ser tudo o que queriam calar.

E sobre o futuro? Taís sorri. Diz que está mais leve, mais centrada, e mais aberta a papéis que a desafiem emocionalmente. Mas garante que não pensa em parar.

“Enquanto houver histórias que precisam ser contadas, eu quero estar lá. No palco, na tela, na vida.”

E que bom que está.

Rolar para cima